Enquanto vejo a chuva escorrer na vidraça
Meus olhos choram, tristes, desorientados
Sinto, que à minha volta reina a desgraça
Pelos pingos que escorrem tão apressados
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Neste cinzento a minha vida faz sentido
Quando por perto te sonho e me entrego
Aos desvairos, meu imaginário escondido
Sonho meu, incompreensível, não o nego
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É a chuva, lágrimas do meu pensamento
Que cai sobre mim, deixa-me em tormento
Neste vidraça molhada onde vou esperar
.
Mas enquanto desespero pela tua chegada
Falta-me o sol e sinto-me desaconchegada
Neste canto onde a solidão acaba de chegar
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Cidália Ferreira